Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada no Parque Nacional Maderas del Carmen, ao norte de Coahuila, está uma reserva silvestre que relaciona a paixão pela preservação da fauna e o prazer de desfrutar a natureza através da arquitetura.
A reserva ecológica “Pilares” está situada em um terreno de 40 mil hectares dedicados a preservação de espécies em grande perigo de extinção e a proliferação de algumas que já haviam desaparecido no México. Além disso, é um oásis do mundo atual; um lugar afastado do desenvolvimento urbano, conectado ao seu homólogo texano, o parque nacional Big Bend, pela majestosidade da Sierra Madre Oriental e pela pureza do ecossistema.
Neste contexto surge a “La Cueva” (A Caverna) um projeto arquitetônico que nasce com a ideia de criar um espaço neutro de convivência e contemplação com uma forte relação com o selvagem, em uma área onde o veado, o urso negro, o carneiro selvagem, o antílope e o índio americano transitam livremente como se ali o tempo seguisse suas próprias regras.
Como na arquitetura vernácula, a obra responde diretamente ao local onde está situada, com volumes básicos e até primitivos que são erguidos com materiais da região, obtendo da paisagem suas cores e texturas. Entrar na obra é como entrar em uma caverna, parcialmente enterrada no solo, promovendo refúgio do exterior para desfrutá-lo em um ambiente aconchegante.
A orientação do edifício possibilita a entrada de luz natural vinda do norte e dirige as vistas principais através de dois terraços exteriores, até os picos mais altos da montanha. No interior, o programa inclui uma grande sala de jantar/sala de reunião, uma ampla sala de estar, um refeitório, lavabo, adega, cozinha e um espaço semi-coberto para churrasqueira.
Para realmente conhecer este projeto, é preciso compreender a história dos seus materiais e processos de gestão. Para o isolamento do local, optou-se por utilizar e reutilizar os recursos da área, conseguindo que 90% do materiais fossem obtidos de fazendas e bancos de areia em um diâmetro menor de 10 km.
As chapas e os dormentes foram resgatados de antigas infraestruturas na região. As paredes foram feitas a partir de elementos do local (terra e pedra) trabalhados na vertical. O sistema construtivo combina concreto, pedra de rio, madeira de pinos e terra batida, elementos ricos em textura que se assemelham a paisagem multicolorida, durante o entardecer.
Além disso, considerando que o escritório é de Monterrey, foi desenhada uma lógica de construção eficiente para manter uma supervisão remota exitosa, resultado visível através da linguagem honesta, aparente e simplista dos elementos arquitetônicos.
Kenji Riviera, chefe do escritório, conta que sua maior satisfação foi desfrutar desafios novos e correr riscos durante o desenvolvimento já que, inicialmente, existia um projeto, uma locação e uma expectativa para o centro de visitas, mas tudo mudou quando a proposta de Greenfield conceitualizava outra ideia, com uma nova localização e uma visão arquitetônica muito mais ambiciosa.
Existem poucos projetos similares a este no mundo, mas dado ao risco de extinção, cada vez maior, que espécies correm é também uma tendência em crescimento. Neste caso, a arquitetura nos remete à tempos passados e também promove a reflexão da nossa própria espécie para tempos futuros.
*Todos os elementos animais fotografados, como galhadas e chifres, foram retirados de espécies recentemente falecidas por causas naturais.